Mokhethi Shelile, ministro do Comércio, Indústria, Desenvolvimento Empresarial e Turismo do Lesoto, fala em entrevista exclusiva à Xinhua em Maseru, Lesoto, em 29 de julho de 2025. (Xinhua/Wang Guansen)
Por Bai Ge e Yan Ran
Maseru, Lesoto, 2 ago (Xinhua) -- O regime tarifário dos Estados Unidos é injusto para países em desenvolvimento como o Lesoto e causou um duro golpe na indústria têxtil do país, disse um alto funcionário do país sem litoral do sul da África.
Serviços como licenças da Microsoft, pelos quais Lesoto paga milhões de dólares anualmente, têm sido negligenciados por Washington, afirmou Mokhethi Shelile, ministro do Comércio, Indústria, Desenvolvimento Empresarial e Turismo do Lesoto. Ele também destacou que alguns produtos americanos entram no Lesoto via África do Sul e são erroneamente omitidos dos dados de importação.
As políticas tarifárias dos EUA, centradas na exportação e importação de mercadorias, vêm sendo criticadas por negligenciar os serviços americanos exportados para o resto do mundo. A economia dos EUA é predominantemente baseada em serviços.
Classificado pelas Nações Unidas como um dos países menos desenvolvidos do mundo, Lesoto é um dos maiores exportadores africanos de vestuário para os Estados Unidos. Sua indústria têxtil continua sendo um dos pilares da economia e uma importante fonte de emprego formal, gerando cerca de 40.000 empregos, de acordo com a Organização Internacional de Empregadores.
Shelile alertou que as demissões causadas pelas tarifas dos EUA podem ter um efeito cascata em setores como transporte e mercado imobiliário, potencialmente comprometendo a estabilidade social.
No mês passado, Lesoto declarou estado de desastre nacional devido às suas "altas taxas de desemprego juvenil e perda de empregos" desencadeadas pelo aumento das tarifas dos EUA. O país enfrenta pobreza e alto desemprego, com a taxa de desemprego juvenil atingindo 48%, segundo a mídia local.
Shelile afirmou que a imposição unilateral de tarifas discriminatórias pelos EUA "atrapalha as cadeias de suprimentos globais e força as nações africanas a negociarem em blocos".
De acordo com o ministro, Lesoto está buscando diversificar seus mercados, fortalecendo os laços com a África do Sul, acessando a Área de Livre Comércio Continental Africana e buscando parcerias comerciais e de investimento com a China, Nigéria, União Europeia e outras economias.
Shelile revelou que o país solicitou formalmente a isenção ou redução das tarifas dos EUA. Ele acrescentou que, como Washington insiste em negociar com os países da África Subsaariana, exceto a África do Sul, como um bloco único, as negociações só podem continuar de forma indireta nesta fase.
"Estamos fazendo o possível para proteger nossos interesses nacionais, mas o futuro da política tarifária ainda é incerto", disse ele.
Shelile acrescentou que "por meio da diversificação das exportações e do aprofundamento da cooperação regional no comércio e nos investimentos, estamos confiantes de que, até o ano que vem, teremos superado os desafios atuais e retomado o caminho da recuperação econômica e do crescimento sustentável".
Trabalhadores passam jeans em fábrica têxtil em Maseru, Lesoto, em 29 de julho de 2025. (Xinhua/Wang Guansen)
Trabalhadores organizam roupas em fábrica têxtil em Maseru, Lesoto, em 30 de julho de 2025. (Xinhua/Wang Guansen)